sexta-feira, julho 25, 2008

reflexões minhas

arquitectura...o que será?!! como defini-la?!! se calhar depende da cabeça que tentar fazê-lo...depende de muita coisa, mas, essencialmente da experiência que tem dos diversos espaços pelos quais já passou. depende da sensibilidade, das sensações espaciais que já teve e, da receptividade aos espaços, aos lugares e ao contexto que foi adquirindo ao longo do tempo... falando assim talvez não esteja a ser suficientemente clara para toda a gente. o que quero dizer é que depende da diversidade de espaços conhecidos e se geralmente gostamos deles ou não...
eu sou estudante de arquitectura e confesso que tenho dificuldade em definir um espaço que tenha concebido. mas...na realidade nenhum dos meus professores até hoje foi capaz de o fazer também. parece-me uma falha grave. por outro lado, parece-me que mais que traduzir por palavras um espaço...talvez seja mais importante traduzi-lo através da sua materialização, dos materiais empregues, das cores escolhidas, dos revestimentos, acabamentos, iluminação, dimensionamento dos vãos, adequação ao lugar (importância do genius locci = espírito do lugar)...ou seja utilizar a linguagem da arquitectura para traduzir "o que nos vai na alma", no pensamento...
Para mim o mundo da arte e da arquitectura possui uma beleza imensa que se expressa das mais diversas formas...por vezes atraem,por vezes afastam-nos. isto acontece porque uma pintura, uma escultura, um edifício, uma música ou até uma obra literária transmitem sensações, sentimentos e informação...têm a capacidade de nos chegar ao coração e ao pensamento, de nos fazer sentir grandiosos e merecedores dessa obra, da beleza do mundo. ou então, fazer-nos sentir pequenos...tão pequenos que reduz toda a evolução do mundo actual ao tamanho de um ovo de pardal (desculpem-me a estranha alegoria mas não me lembrei de mais nada :s). Exemplo disso é o mundo romano. Recentemente estive em roma e pude sentir a minha pequenez junto ao coliseu. Aquela obra grandiosa que hoje os melhores arquitectos e engenheiros não são capazes de igualar...por outro lado ao subir ao cimo da cúpula do vaticano a pequenez inicial que se apoderou de mim quando pisei a praça de s.pedro, deu lugar à sensação de poder quase infinito...como se estivesse no topo do mundo...a maravilhosa paisagem, o definido desenho urbano, o alinhamento da praça com os edifícios e o ponto de fuga que criava, e, que eu podia vislumbrar das "nuvens" criou em mim um sentimento difícil de expressar por palavras. foi um momento sublime (estranho e, sobretudo transcendente). Podemos pensar também na Sagrada Família (gaudi) ou na Torre Agbar (jean nouvel) em barcelona. Apesar de serem obras grandiosas e dignas de muita admiração, não me transmitiram uma tão grande sensação de êxtase como a arquitectura romana foi capaz!
as chamadas artes puras (pintura e escultura) podem funcionar segundo o princípio de "criar a arte pela arte", ou seja, podem ter muita fundamentação ou existir apenas...porque sim. Com isto não quero diminuir estas artes, pelo contrário o artista pode mais facilmente expressar a sua forma de ver o mundo sem ter a necessidade de estar preso a regras rígidas que imponham a forma, a cor, a textura...isto é algo de sublime, de fantástico, expressar sem limites a vontade e o belo que sentem, ser completamente autêntico naquilo que fazem. liberdade esta que só poderá ser comparada ao voo/capacidade de voar de uma ave. Bernard Villers diz "todas as cores são belas, todas as formas são boas, todos os suportes são adequados, resta decidir o formato". É possível não nego!
no caso da arquitectura (chamada arte maior por uns, e negada de arte por outros) estes aspectos não são exactamente assim. Tal acontece porque a arquitectura "obedece" ao contexto e tem necessariamente de servir pessoas. Não se pense por isso, que seja algo limitado. Pelo contrário!!! apesar disto o que impera na arquitectura é a imaginação!! :). não obstante o facto de haver regras (PDM e RGEU,...) a arquitectura tem a capacidade de acabar com hábitos e, mudar e criar novos. transforma a cidade! "a forma segue a função" diz Sullivan mas não poderá a função/disposição interior ser alterada devido a condicionamentos formais?! será isto impuro ou distante dos princípios da "boa arquitectura" ?! deve-se previligiar mais a paisagem urbana ou a disposição interior? para quem já projectou (mesmo que só academicamente) sabe que uma coisa poderá invalidar/dificultar a outra! talvez rapidamente defendamos que primeiro virá a disposição interior, pois é isso que serve as pessoas. mas depois lembramo-nos do criminoso que é criar "monstros/abortos" urbanos que definem um desenho de cidade cheio de maus apontamentos...ou a altura necessária para definir um interior adequado é exagerada, ou ocupa demasiado área do solo, ou altera e acaba com percursos existentes, ou ficamos sem vista para determinado edifício existente e que tem demasiada importância na cidade...todos estes factores são condicionantes e podem dificultar a vivência do lugar e a concepção do espaço interior. Daí a importância do urbanismo que à primeira vista parece algo abstracto e sem grande interesse no momento de conceber um só edifício, mas, que na realidade é o ponto de partida e, quiçá o "pormenor" mais importante em qualquer projecto.
e a possibilidade de construir sob o solo?! a cobertura passa a ser espaço público ou espaço verde. haverá muita a dizer sobre isto...a ventilação faz-se forçada. mas e a qualidade do ar é assegurada? que tipo de ambientes criamos com isto? são piores que os construídos à superfície?! ou servem igualmente sem haver nada a apontar?! é sustentável para o futuro ou não?! humm falando de arquitectura sustentável...alguém me sabe dizer claramente o que é?!! na realidade não percebi bem isso...mas confesso ainda não me debrucei muito sobre o assunto.

P.S - neste momento não me ocorre mais nada para escrever. Espero que alguém veja isto e comente alguma coisa. fico à espera :) obrigada